Tempo a galope
Passos dados numa marcha constante,
Vozes ecoadas dentro de um ser incógnito,
O vulcão expande-se a todo o ápice,
Existências demasiadamente intensas,
Espalhando-se em momentos efémeros de sentidos,
Sentimentos que coexistem na perplexidade,
Espelhados na razão do que se desconhece,
E na perplexidade do que sentimos,
Alcança-se a certeza daquilo que nos move sem limites,
Um tempo que corre a galope,
Um tempo que não para,
Um tempo que não se explica.
Canto melodioso
Canto melodioso que gritas dentro de mim,
Ganhas contornos desmedidos de prazeres infindáveis
Loucuras que trepam dia a dia
Delírios que se soltam,
Natureza que me levas ao mundo do secreto,
Árvores que tocam ao sabor do vento,
Água cristalina que bates num poço sem fundo de emoções,
Guio-me pela estrada do prazer,
Escuto melodiosamente o que os pássaros cantam para mim,
Através do luar escuto o vazio,
Deixo que se entranhe em mim as mais doces lembranças,
Que me percorra o corpo,
Que se amontoe intensas marcas cingidas por um qualquer transeunte,
Das paisagens e das pessoas que encontro,
Deixo que me levem pela mão,
Do mistério faço a sina,
Do destino a minha marca,
Os meus olhos revelam a magia do que encontro,
E é na magia que adormeço sempre profundamente.
Alentejo que me viste partir
Alentejo que me viste partir,
Deixei sobreiros em aconchego secreto,
Planícies de cor terracota,
Repletas de lembranças de hábeis contornos,
Permanece ainda no olhar sereno e contemplativo,
Apaziguadas imagens guardadas em divindade,
Onde num doce bocejo se abrigam,
Permanecendo tão saudavelmente eternizadas.
Eterna luz
Eterna luz que me prende,
Que me ofusca,
Que me penetra intensamente,
Iluminando a obscuridade desconhecida,
Reflectindo imagens nunca antes vistas,
Imagens encontradas num acaso,
Grita, sente, remexe o que descobre,
Encontrando nas profundezas do ser,
O louco fascínio tão esperado.
Agasalho humano
Sumariamente há que render ao que se desconhece,
Partilhar inequivocamente o que se inala,
Na paz tomar-se posse do que se imagina,
Desvendar o secreto culminar de um luta vencida,
Palmilhar trilhos nunca antes percorridos,
Percorrer uma imaginação que se conjuga,
Intemporalmente nunca perder o rasto do que nos estigma,
Silenciosamente percorrer o semelhante,
Envolvermo-nos num agasalho,
Colher alimento, não perdendo o sentido de chão que calcamos.
Ideias de vontade
Ideias brotam a todo o instante,
Não vale a pena segura-las,
Que me levem até onde quiserem
Não deixo o chão que piso,
Voo no céu que trilho,
Marco-o com o que penso,
A vontade faz-me acreditar que tudo é possível,
Que o difícil se torna simples, quando muito desejamos,
Não sei perder o rumo, lentamente vou conseguir o que anseio,
Perspicácia e vontade irão guiar-me à conduta judiciosa,
Irão guiar-me ao alcance do que penso ser inatingível,
Tão somente porque acredito,
É nesta crença que reside o alcance.
Dualidade
Dualidade essa que me atinge,
Personalidade tremendamente marcada por fortes convicções,
Sem nunca redimir, sem baixar tréguas jamais,
Ser humano este quase incompreensível,
Visivelmente transfigurado naquilo em que acredita,
Incompreensivelmente incompreendido por quem não é capaz de atingir,
Visivelmente compreendido por quem nem precisa do olhar para alcançar,
Nesta certeza e idealidade permaneço,
Busca essa incessante de valores insuperáveis,
Onde a superação é o melhor limite. Sempre!!
Aurora luzidia
Mais uma caminhada chega ao fim,
Trilha-se hoje mais um novo caminho,
Com a garra imensa que perdura,
Grita-se fortemente,
Supera-se limites,
Vence-se com um inevitável cansaço,
Mas irremediavelmente feliz numa aurora luzidia.
Emoções ao rubro
Tudo o que afecto e preciso,
É manter-me neste encantamento de locuções,
Dormitar com elas,
Sobrepor-me a cada dia,
Levitar,
Perder-me em delicadas nuvens,
Diluir o preconceito,
Aceitar a diferença,
Aproveitar essa diferença,
Para tornar as minhas palavras,
Fonte inesgotável de inspiração da minha alma encoberta,
Para quem as lê simplesmente e genuinamente,
Ser perpetuamente o germinar de emoções ao rubro.
Deslumbramento
Em deslumbramento compreendo o sabor das palavras,
Noto que ganham contornos desmedidos,
Vontade essa inexplicável,
Loucura incessante de escrever,
Extravasa o espírito, liberta-me de preconceitos
Delineia um perfil subitamente marcado pelo traço do destino,
Sou a imagem, sou a semelhança do que granjeio e circunscrevo.
Ensaios de ficção © 2009
Conquistas em estupefacção
Ando desde o tempo outrora vivido,
Em busca das palavras que me perfazem,
Encontrei-as subitamente ao virar de uma esquina,
Completo-as a todo o ápice,
Descubro em seres desmedidamente harmónicos,
Diferenças inigualáveis,
Coadjuvam a conquista do chão que piso,
Permitem o devanear daquilo que desvendo,
Sempre em graciosa estupefacção.
Ensaios de ficção © 2009
Vazio coabitado
Encontro a toda hora o ensejo,
Algo que me perfaz,
Que me torna mais completa e que me complementa,
Vazio nunca será,
Deixo-me elevar pelas conquistas da vida,
Sonho, concretizo, contemplo, vivo
Não me deixo dormitar no poder dos meus leves pensamentos,
Escrevo, retrato, penso e idealizo o que me torna afortunada,
Partilho qualquer sapiência que habite em mim,
Aspiro a todo o momento,
Transformar aqueles que em mim coabitam,
E absorver tudo o que possa do legado que em mim registam.
Augúrio
Deliciadamente auguro bons ventos,
Embarco nesse barco que me leva à outra margem,
Navego com a certeza de um limiar a percorrer,
Serei sempre mais uma eterna mareante do que desconheço,
Afortunada serei quando do obscuro souber retirar a mais doce experiência,
Transparecendo magicamente o que conjecturo a todo o instante.
Delírio secular
Na dúvida do delírio encontrado,
Permaneço escondida por entre ténues presságios,
Envolta no mistério do infinito,
Durmo profundamente e numa quimera auspiciosa,
Fortifico a alma que possuo e assombro o interminável,
Esperança essa que não morre jamais,
Que embala a intuição de reconquistas,
Perpetuamente o meu ego permanecerá delineado,
E esculpidamente traçado,
Como se de obra prima secular e eterna se tratasse.
Crepúsculo
Crepúsculo esse instante mágico,
Onde o céu fica próximo do limite,
Onde o horizonte é marcado por poente ou nascente,
Cor de dia e escuro de noite,
Linha essa abaixo do horizonte esquecido,
Vontade veloz,
De permanecer desmedidamente belo, ameno e tenaz.
Contemplação
Deliciadamente contemplo os contentamentos de vida,
Reflicto desmesuradamente.
Transformo conquistas e derrotas em salutar amadurecimento,
Corro em direcção ao infinito,
Deixo-me levar pelo sonho que afiguro,
Singela, genuína presença que cultivo,
Que cresce e que se afigura a todo o momento.
Respiração serena
Respiro serenidade,
Contemplo a maresia cativante que me acalma noite e dia,
Penso, medito e acredito,
Construo uma história vincadamente marcada,
Onde navego intensamente,
Não quero despertar deste sono,
Que me transforma a cada instante
Ensaios de ficção © 2009
Murmúrio silencioso
Murmuro em silêncio,
Significados retidos no pensamento,
Compreendo literalmente sonhos escondidos,
Luto incessantemente até adquirir o que enalteço,
Toco o infinito apenas com um dedo,
Traço nas entrelinhas o que anseio,
E com a alma cheia disperso a razão.
Viajante sem rumo
Admirável, contemplativo, soberano,
É o que pretendo reproduzir com as minhas palavras,
Grita-las fortemente como se de quimeras inacessíveis se tratassem,
Espelha-las de forma imparcial nas profundezas daquilo que torno intransponível,
Sussurrar eternamente para que marquem uma história,
Talvez minha, ou talvez não,
Talvez outrora de um viajante sem rumo.
Suavemente inatingível
Suavemente procuro o inatingível,
Sopro docemente as palavras que me tocam,
Rendo-me aos encantos do que observo,
Estática e atenta percorro mil caminhos,
Escalo montanhas de descobertas,
E nunca cansada continuo na eterna busca,
Busca essa imensa,
Rica em divagações profundas. Ensaios de ficção© 2009
Intemporalidade
Tão miraculosamente,
Conhecemos pessoas intemporais,
Que passam para além do tempo,
Que passam para além da história,
Tecem marcas profundas reveladoras de uma textura imensa de emoções,
Traduzidas no sabor do acaso,
No agradável sentir de uma presença,
Somos o que colhemos,
Colheita essa tão subtilmente esculpida pelo acaso,
Marcada pelos gestos ternos de quem nos complementa.
Esplendorosos sentimentos
Esplendorosos sentimentos desafiados pelo tempo,
Contemplo pensamento vagueantes,
Corpos despidos de preconceitos,
Subtis personalidades marcadas por uma história.
Percorro singelamente cada olhar,
Descubro cada diferença,
E cresço por mais umas horas,
Fazendo dessas aprendizagens,
Fiéis conquistas para sempre inapagáveis,
Soltam-se as amarras e parto ao desconhecido,
Busco no tempo histórias perdidas,
E encontro na procura infindáveis sentimentos.
Diálogo sonhador
Sonho,
Deixas em mim marcas sublimes,
Reproduzes no meu dia,
A serenidade de que preciso,
Fazes-me vaguear por locais que não conheço,
Fazes-me lutar por tudo o que se encontra escondido.
Tornas o pequeno, num muito,
Algo que penso que poderá ser inalcançável,
Em momento concretizado,
Outras vezes permaneces em mim,
Silencioso e imóvel.
Enternecida pela tua majestade,
Procuro-te um só instante,
Rejubilo-te sempre,
E fico imensamente feliz,
Quando te descubro.
Quem dera a mim que o tempo não tivesse asas,
O dia não tivesse noite,
E que pudesses passar para além do meu subconsciente,
Transformasses as minhas palavras e o que imagino,
Em ternas conquistas e eternas sabedorias,
Sabes porquê? Porque só tu és capaz de nos levar onde melhor nos sentimos
Enternecidos e felizes é como ficamos, quando sonhamos.